Terceiro Livro do Roberto C Garcia

RECONSTRUINDO A FÉ

 

 

 

Garcia Roberto C (1951)

São Vicente -Sp.

Reconstruindo a fé. Romance sobre fé e medicina.

1- Reconstruindo a fé - Título.

2- Reconstruindo a fé – Romance.

3- Reconstruindo a fé – sobre fé e medicina.

 

São Vicente = Sp

2012

 

Roberto C Garcia

 

RECONSTRUINDO

A FÉ

 

Apresentação

 

Esta é uma obra de ficção. Os nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos serão mera coincidência.

 

Roberto C Garcia

 

RECONSTRUINDO A fé

 

Índice

Capítulo 1

Uma mudança na vida.

Um passeio no parque.

O quartel dos bombeiros.

Capítulo 2

No aconchego do lar.

Um acidente muda a rotina.

O amor floresce.

Capítulo 3

Caminhando entre nuvens.

Sonhando com o futuro.

O começo da realização dos sonhos.

Festa de casamento.

A fuga.

Capítulo 4

A viagem de núpcias.

Uma estranha visão.

A cabana misteriosa.

Capítulo 5

Dayse realiza seu sonho.

A volta dos noivos.

Capítulo 6

O dia da partida de Dayse.

A editora e o editor.

Os pensamentos assumem formas de papel.

Capítulo 7

A nova vida de Saulo e Diva.

O departamento dos paramédicos

O escritório de advogacia.

A felicidade se completa

Capítulo 8

O nascimento do tão esperado bebê

Uma notícia desagradável

Um inimigo desconhecido

O desejo de Saulo de reanimar sua esposa

Capítulo 9

Os preparos para o retorno

A volta ao antigo lar

Capítulo 10

Fazenda Mudando sonhos

Indo de encontro ao passado

Final

Uma nova visão do futuro

 

Prefácio

Inflamou contra mim sua ira, e me tem em conta de seu adversário. Juntas vieram contra mim suas tropas; preparam contra mim seus caminhos e se acamparam em redor de minha tenda.” (jó cap.19 vs 11 e 12)

 

Introdução

 

Saulo e Diva, dois jovens ligados pelo amor desde a adolescência, unem suas vidas e mudam-se para a capital. Ali um acontecimento faz com que a vida para Diva perca o significado e leva Saulo a reviver uma visão que sua esposa tivera alguns anos atrás. Este encontro dá forças a Saulo para ajudar e motivar sua companheira a reconstruir sua fé. E os dois vão perceber que a dor nem sempre é uma punição, mas também uma forma de nos colocar debaixo das mãos amigas do Criador.

 

CAPITULO 1

 

Uma mudança na vida

 

Saulo , um homem com seus quarenta anos aproximadamente, dirige para seu trabalho, enquanto conduz seu carro com atenção pelas ruas que começam a ficar com o trânsito pouco intenso. Era cedo ainda e os usuários dos transportes ainda estavam iniciando seu fluxo diário pelas ruas da cidade. O ar soprava uma brisa amena, no céu claro as nuvens esparsas tentavam esconder o azul do lindo dia que se formava. Os prédios e as casas timidamente começavam a dar sinais de seus moradores preparando-se para o dia de labuta. A mente de Saulo fervilhava. Seus pensamentos o levaram àquela hora em que pouco antes de sair de casa, quando conversava com sua esposa. Entendia os motivos que levaram Diva a questionar o acontecimento que havia revi- rado sua vida. E sabia que a solução de tudo estava no retorno á cidade que ambos cresceram e iniciaram sua felicidade.

Diva, era uma moça muito alegre, estudiosa e gentil com seus amigos e familiares. Sua presença cativante angariava-lhe muitos admiradores não somente por sua beleza, mas por sua simpatia também. Seus cabelos compridos e negros davam um tom especial á sua fisionomia. Usava roupas que lhe realçavam a beleza e destacavam sua bela silhueta. Vestia-se com gosto apurado e recatamento. Tinha olhos grandes e arredon- dados que bem poderiam lembrar duas jabuticabas.

Sua boca onde sempre estampava um alegre sorriso distribuía atenção e palavras gentis a todos. Sua pele alva, macia e delicada davam-lhe um aspecto de anjo passeando entre os humanos. Morava com os pais em um bairro mais pobre da cidade. Seu pai, um homem de tez clara, com seus 97 quilos mais ou menos, um semblante amigo, trabalhava de cobrador no Serviço de transporte da cidade e como tratava todos os passageiros com respeito, tornara-se estimado pela população. Este homem trabalhava duro para que sua filha pudesse estudar e ter um futuro promissor. E sua filha correspondia às suas esperanças.

De uma família com formação católica, Diva ia todos domingos á missa com seus pais e no recôndito de seu coração conversava com Deus. Agradecia ao Senhor pelos pais que Ele havia escolhido para recebê-la, pois através deles ficara sabendo da existência de Deus, das bênçãos e do castigo eternos.

Algumas vezes suas amigas lhe perturbavam, com brincadeiras dizendo-lhe que para se viver plenamente não precisava ser tão santinha. Ao que ela respondia que viver sem Deus seria uma vida vazia, embora com amigos, diversão passeios e baladas era uma vida sem projeção futura. Em uma tarde depois dos estudos, Dayse, sua melhor amiga disse-lhe :

_ Diva, vamos ao parque passear e tomar sorvete?

Estava um dia quente, claro, ensolarado e convidativo a um passeio sob as sombras das árvores.

_ Sim, vamos, respondeu Diva.

 

Um passeio pelo parque

E assim as duas saíram saltitantes, esbanjando a formosura de sua juventude. A cidade tinha aparência de cidade do interior. Ruas arborizadas. Os responsáveis pelo governo municipal da cidade estavam realmente comprometidos com o bem estar da população e aplicavam os recursos nos serviços essenciais da cidade. O serviço urbano era feito com responsabilidade, por isso suas ruas eram limpas, atraentes e muito bem cuidadas.

Próximo á área florestal que chegava aos limites da cidade, havia o parque. Uma área arborizada com ruas bem cuidadas, passeios, áreas para prática do ciclismo e outros esportes. O gramado com relva verde aconchegante que parecia convidar a deitar-se e fazer a sesta da tarde. Os jardins do parque eram circulares com vários tipos de arbustos e outras árvores floridas. As flores de diversos aromas e cores, davam um cheiro harmonioso ao ar dentro do local.

Diva notou que ao chegarem ao local o semblante de sua amiga modificou-se. Um ar de preocupação tomou seu rosto. Dayse era uma garota de 19 anos, jovial e por seu encantamento, que parecia ser uma cópia da simpatia de Diva, logo conquistou o coração desta. A moldura de seus cabelos negros realçava seu rosto apreensivo. Sua paixão pelas letras, escrevendo poesias e romances era evidente em toda a sua pessoa, tornado-a tão singela quanto sua amiga. Sua vivacidade dava-lhe o ar juvenil e vivaz.

_O que há, minha amiga parece preocupada? Perguntou-lhe.

_Realmente estou. Como você sabe meu pai, sendo um ateu ferrenho, não professa a crença que nós duas temos um Deus. Como todo bom ateu crê que o mundo foi formado pela explosão do big bang e mais nada. A própria natureza se encarregou de fazer o resto e seguiu até a evolução do homem, vindo da evolução do macaco.

_Mas o que me preocupa é o seu estado de saúde. Ele anda muito enfermo e o médico acha que somente mudando de ares ele poderá melhorar. Sua saúde ficou abalada com a perda de nossa mãe. Eles eram muito apegados um ao outro e um exemplo de relacionamento amoroso para os filhos. Meu irmão já conversou com nossos parentes de Campos do Jordão para que eles recebessem meu pai em sua casa até que ele melhore ou fique curado. Está acertando todos os detalhes para esta semana que vem, quando meu pai partirá.

Meu irmão embora não tão ferrenho como papai, também não acredita em Deus, mas acha que cada um deve acreditar naquilo que lhe faz sentir melhor, pois o fim de todos é o mesmo, a sepultura.

_ O que seu irmão pretende ser depois que terminar o cursinho? A mim parece que ele nem sequer pensa em continuar estudando. O que é uma pena, pois ele demonstra ser muito inteligente. Seria maravilhoso ver Saulo sendo diplomado em algum curso da faculdade.

_ Na opinião de meu irmão, o que me intriga, é que ele diz que se preocupa com o bem estar das pessoas. Acha que elas abusam de seu direito de viver e colocam suas vidas em risco constantemente. Até parece que ele será pastor, padre ou ainda um salvador de vidas, não fosse sua descrença em Deus.

Enquanto falavam, caminhavam nas sombras frescas do arvoredo, sentindo a brisa suave que as árvores proporcionavam. Chegaram a um banco e sentaram-se.

_ E você, Diva. Pretende ainda ser uma advogada, a defensora dos fracos e oprimidos?

_È o meu sonho! Neste mundo onde algumas pessoas acham que podem se aproveitar de pessoas sinceras e trabalhadoras, alguém precisa se levantar e defender seus interesses, já que bons advogados só na capital e a viagem até lá é longa. Acompanhar seus processos seria desgastante para essas pessoas.

_E você, Dayse! o que pretende fazer? Continuará a estudar ou será uma dona de casa, cuidando do lar, do marido e dos filhos?

_Sabe, eu tinha poucas pretensões a respeito do meu futuro. Tão somente gostaria de ter um lugar sossegado e escrever meus versos e se possível através deles, deixar as pessoas sentirem o que eu sinto. Da minha busca pessoal á minha vida espiritual, do meu desejo de que o mundo possa ser um lugar feliz com plena paz e harmonia.

_È minha amiga, parece que este mundo não é lugar para nós duas, pois sonhamos com coisas muito difíceis de acontecerem. Arrematou Diva.

As duas amigas conversaram por muito tempo. Ao se despedirem, Diva reconfortou a amiga sobre a situação de seu pai.

_Tenha fé, amiga, pois o tempo tem o poder de mudar as pessoas. Quem sabe se quando seu pai retornar já não terá aberto seus olhos e verá que tudo, nos relata e prova a existência de Deus.

_Assim espero, amiga! Divagou Dayse. Bem, até mais tarde. Vou preparar o jantar que Saulo deve chegar daqui a pouco.

 

O quartel dos Bombeiros

O dia transcorria tranquilo e calmo no quartel dos Bombeiros da cidade. O serviço desses anjos da guarda, devido a ser uma cidade afastada do litoral, sem chegar a ser uma cidade do interior, se tornava mais intenso e sofrido quando havia queimadas nas vizinhanças. O quartel ficava localizado numa praça próxima ao centro da cidade, de forma que fosse possível a deslocação imediata e eficaz da viatura da corporação.

O prédio dispunha de dois andares, sendo que o superior era onde ficava a administração. O térreo compunha-se de três partes: A garagem ampla onde um caminhão de combate a incêndio na mata, uma caminhonete de cabine dupla funcionava como apoio a pequenos eventos, tais como gatos nas árvores e outro caminhão para socorros que com equipamentos de primeiros socorros, para emergências não relacionadas a fogos e sim a acidentes. As duas outras salas compunham-se de vestiários dos brigadistas e da sala de estar onde eles ficavam sob o alerta de emergências.

A equipe do Corpo de Bombeiros era composta pelo comandante local, três secretários para a parte burocrática e seis homens de combate.

Dentre estes seis, Saulo era o de mais expe- riência e por isso coordenava a ação nas emergências, mas isto não o eximia de ajudar aos seus companheiros no combate á emergência.

Saulo era um rapaz com seus vinte e três anos, moreno, corpo atlético, cujo manutenção era apoiada em exercícios físicos para poder manter a forma exigida em seu trabalho. O esforço exigido nas emergências, que em várias ocasiões apresentava riscos á vida dos munícipes, era sempre enorme. Não raro alguns fazendeiros, querendo aumentar suas terras produtivas, faziam queimadas nos campos e por inexperiência, perdiam o controle sobre elas e o ato se tornava um desastre ambiental.

Então a coragem dos bombeiros, verdadeiros guardas vidas era colocada em ação, realizando o combate ao incêndio antes que este colocasse a vida das pessoas em perigo. E o trabalho se estendia por horas a fio, levando todos à exaustão.

Com o término do expediente, cada um se dirigia para sua casa, mesmo sabendo que a vida de um socorrista nunca está oficialmente fora de serviço.

No caminho de sua casa, Saulo encontrou-se com Diva que voltava do passeio no parque. O rapaz sentiu uma onda de prazer percorrer seu íntimo, à vista daquele belo ser que cruzava seu caminho.

_Olá, cumprimentou ele sorrindo! Pelo visto a população desta cidade confia plenamente no trabalho dos bombeiros, pois passeia calmamente pelas vias públicas, com a certeza que está segura.

_Oi, Saulo, respondeu Diva. Realmente se todas as cidades do País tivessem bombeiros como este que temos aqui, certamente os provocadores de situação emergencial pensariam duas vezes antes de colocar a vida das pessoas em risco.

_Talvez porque outras cidades não tenham pérolas como a que temos aqui. Insinuou ele, referindo-se a jovem. Então o que a nossa futura advogada está elaborando para melhorias da vida de pobres mortais como eu?

_A minha área não será de obras públicas e sim de defesa do cidadão que sofrer abusos seja ele de qualquer natureza. Como dizem, mexeu com minha gente, mexeu comigo. Retrucou Diva.

Saulo sabia muito bem que a jovem se preocupava muito com o bem estar do próximo. Um atributo herdado de seu pai, um homem honrado e de bom coração.

A conversa corria animada, visto que Diva com seu riso fácil, encantava qualquer um que tivesse o privilégio de conversar com ela. Por outro lado, muitas moças dariam a vida para estar no lugar de Diva, ao lado daquele moço bonito, simpático e encantador. Nesta conversa animada, os jovens chegaram á casa de Diva, que estava no caminho dos dois.

Observando Diva entrar em casa, Saulo não pode controlar um desejo de conservar aquela jovem que tanto povoava o coração dos rapazes daquele lugar, ali ao seu lado. Sim, realmente ela era uma flor que desabrochava em pleno vigor. Sua imagem de mulher ficava na retina de quem colocasse os olhos na sua figura.

Saulo sentiu um irresistível desejo de chamá-la de volta e continuar por mais tempo aquela conversa, em seu coração começou a nascer uma paixão pela jovem. Paixão esta que reconhecia já dominava sua mente há muito tempo. Ele temia se declarar, e se não fosse correspondido, seu temor era perder aquela amizade tão bela e que trazia tanto prazer.

Com esses pensamentos continuou até chegar ao portão de sua casa. Sua residência, seguindo o padrão das casas daquela cidadezinha, era de madeira, com as tábuas pregadas de maneira sobrepostas, dando uma ideia como de folhas umas em cima das outras. O muro baixo delimitava seu quintal, que era formado na frente da casa por um pequeno jardim florido.

Dayse, assim como sua mãe, havia desenvolvido um amor pelas plantas e cuidava com carinho do jardim.

Dentro da casa, a sala bem cuidada era ornamentada por um tapete enorme, pelo sofá amplo colocado sobre ele, uma mesinha de centro envidraçada, com algumas revistas em cima. Mais à esquerda a mesa de jantar e à sua frente uma estante com muitos livros, alguns de poesias, romances e outros sobre primeiros socorros e medicina.

Ao entrar em casa, encontrou a irmã atarefada com o jantar.

_Dayse, porque esta correria? Bastava me ligar que foi dar um passeio e eu traria algo do mercado para fazermos um lanche. Papai não está?

_Não, respondeu ela. Quando cheguei, ele já havia saído. Provavelmente foi á casa do senhor Tavares, aquele amigo dele que adora criticar os cristãos.

_Mana, não seja tão radical! As pessoas têm direito de pensar como querem. Se algumas não querem crer na formação do mundo da mesma maneira que você, não tem problema. Cada um direciona sua vida da melhor forma que encontra.

_Sim eu também concordo, porém da mesma forma que poderia deixá-lo crer, ele também poderia fazer igual. Porém não é o que ocorre. Ele gosta de criticar os cristãos, mas não su- porta que alguém o critique. E ainda tem defensores, pelo que vejo.

_Não se trata de defender este ou aquele. Como você mesma diz, um dia todos nós seremos chamados a prestar contas do que acreditamos.

_Bem, o jantar já está na mesa, notou Saulo. Vamos comer e assistir um bom programa de TV. O dia de amanhã será de certa maneira triste, pois vou falar com o tio Leandro e levarei papai para ficar com ele por uns meses, até que se recupere. Já está tudo certo na bagagem que ele vai levar?

_Sim, respondeu ela. Infelizmente não temos outra escolha. Ou papai fica longe de nós por um tempo ou sua saúde só irá piorar se ficar aqui. Meu coração está apertado com esta decisão.-

_Eu também não gosto disto, mas temos que pensar nele e na sua saúde. Tio Leandro é o irmão dele e se dá muito bem com papai. Ele ficará em boas mãos. Lembrou Saulo, pensando na figura do tio. Ele adorava seu irmão, e tudo faria para que Sr. Rodrigues recuperasse a saúde.

E também os ares da cidade montanhosa seriam muitíssimo benéficos à recuperação do doente. No mais Dayse confiava em Deus pela cura do pai.

 

 

Capítulo 2

 

No aconchego do lar

 

A casa de Diva era exatamente igual a de Saulo, diferenciando na cor das paredes e na arrumação do jardim. A casa aconchegante, era como se exalasse um ar de ternura e afeto dentro dela. Diva entrou e foi ao encontro da mãe, que estava na sala a costurar.

Dona Mercedes, a sra. Salermo, uma senhora forte sem chegar a ser obesa, de tez morena, dividia seu tempo nos afazeres da casa. Cuidava do jardim, do serviço doméstico, e como adorava cuidar das coisas da filha. Passava algum tempo de sua liberdade no lar, costurando casaco, blusas que adorava ver a filha usando suas criações.

_Mãezinha! Falou ela e agarrou-se ao pescoço de sua mãe. Que saudades!

_Ora, ora! Disse a mãe! Todos os dias assim que você chega em casa, sempre diz estar com saudades. Mas sabe de uma coisa? Sim, eu também sinto saudades de você, quando não estás aqui do meu lado.

_Papai não chegou ainda? Não me diga que ele vai fazer horas extraordinárias hoje de novo? Papai precisa perceber que nós temos o suficiente para nos mantermos. Seu trabalho rende o bastante para nossa casa.

_Pois é! Mas seu pai botou na cabeça que precisa deixar uma reserva para você quando resolver casar-se. Ele não quer que a sua filhinha fique inteiramente dependente do marido. Acha que com uma reserva a mais você poderá fazer seus estudos na capital e lá tem mais oportunidades de trabalho.

_Mas eu já falei que pretendo montar escritório aqui mesmo na nossa cidade. Toda ajuda que eu quero prestar será para o nosso povo. Para nossos cidadãos. Aqui onde nasci e cresci.

_Pois bem minha menina, agora vá se preparar que o jantar será servido. Seu pai já está chegando.

Diva subiu para seu quarto a fim de tomar um banho e descer para o jantar em família. Seu Salermo, como era conhecido o pai de Diva, chegou, preparou-se e foi para a sala jantar com a mulher e a filha.

Durante a refeição, Dona Mercedes tocou no assunto da vontade da filha de permanecer na cidade após concluir os estudos. Pai e filha conversaram, trocaram conclusões e decidiram deixar para quando este dia chegasse veriam qual o rumo a tomar.

_O que eu mais quero minha filha, é que você tenha condições de se impor como pessoa diante daquele que será seu marido. Não que vá ser sua inimiga, querendo ser á parte no seu casamento, mas que seja parte integrante dele. Opinando, dando parecer, sugerindo

também, para que entre vocês possa haver harmonia.

_ Ora papai, não se esqueça que até lá eu já serei advogada e se ele não andar na linha eu o processo! Disse ela rindo.

 

Um acidente muda a rotina.

 

Alguns dias depois, Diva e Dayse estavam num coletivo que as levaria para a cidade vizinha onde as duas participariam de uma palestra sobre atividades comunitárias. As duas jovens palestravam animadamente, quando um acidente ocorreu. Um veículo tentou ultrapassar o ônibus que as levava e deparou-se com outro ônibus na via contrária, desviou-se e entrou na frente da condução delas. O motorista do ônibus onde estavam as jovens, para não colidir com o carro que entrou na sua frente, desviou o ônibus para o lado da estrada, saindo dela e entrando mata adentro. O ônibus bateu em várias árvores, pedras e por fim capotou.

O terror tomou conta dos passageiros, que impotentes viram seu mundo dar cambalhotas enquanto o veículo capotava. Diva procurou se proteger encolhendo-se no banco e contava que a amiga tivesse a mesma ideia. Dayse porém, não teve a mesma sorte, pois o banco na sua frente deslocou-se e quebrando-se espremeu a perna dela. Dayse sofreu uma dor cruciante ao ser espremida entre os bancos.

No quartel do Corpo de Bombeiros o alerta de emergências tocou e Saulo e seus amigos partiram para o local do acidente. Não sabia ele ainda que o fato fosse com a condução de sua irmã. Ao chegar ao local, vários curiosos estavam olhando o veículo tombado, e alguns policiais faziam o cordão de isolamento. As pessoas sem ferimentos já estavam fora do veículo. Saulo e os bombeiros foram direto ao ônibus com as ferramentas precisas.

Foi informado que uma das passageiras estava presa entre as ferragens e ao ver quem era seu coração disparou. Dayse estava com a perna esquerda presa nas ferragens do banco. Com extrema cautela Saulo livrou sua irmã daquela situação, mas ela sangrava muito e então solicitou imediatamente uma ambulância para levá-la ao hospital.

Diva havia sido poupada e preocupada procurava ajudar a amiga. Saulo lhe pediu que fosse com ela para o hospital. Dayse passou três dias internada e depois voltou para casa, porém os médicos recomendaram repouso absoluto por pelo menos quinze dias. Dayse ficou desesperada, quem cuidaria de seu irmão visto que o pai estava em casa do tio em tratamento.

Diva ofereceu-se para cuidar da amiga e cuidar da casa até que ela se restabelecesse. Não tendo como recusar assim ficou acertado. Assim nos próximos dias, Diva ia toda manhã para a casa da amiga e começava sua jornada. Saulo, a princípio achou meio estranho ter alguém que não a irmã preparando o café da manhã e tomando conta da casa. Porém aquela mão amiga neste momento não lhe era de todo incômoda, mas sim prazerosa.

Aquele sentimento que já havia brotado em seu coração agora tomava raízes mais fortes. Diva parecia um ser angelical, transitando pelos cantos da casa, com seu sorriso sua simpatia e sua atenção para com a enferma, que por sinal era sua melhor amiga. Um dia quando Diva estava colocando o café para Dayse, esta disse:

_ Diva não tens notado nada de diferente desde que aqui chegaste?

_Não! Respondeu ela.

_Por acaso não notaste que Saulo já não saí tão cedo para o trabalho? Sempre tem uma coisa a fazer antes de ir? Não notaste que ao chegar logo procura por ti?

_ Dayse estás vendo coisas. Além do ferimento na perna eu acho que bateste a cabeça e ninguém notou. Teu irmão tem agido normalmente. Tu que estás delirando.

Diva foi para a cozinha começar o preparo do almoço, pensando nas palavras de Dayse. Não pode deixar de sentir uma certa alegria chegar ao seu coração. Sim ela já havia notado que Saulo lhe de demonstrava mais atenção, e isto a deixava com mais esperanças e agora com a confirmação pelas palavras da amiga.

Naquela tarde, após terminar a sua tarefa, Diva preparava-se para ir embora quando Saulo chegou.

_Boas tardes, meninas! Parece que eu acertei ao chegar nesta hora, pois nossa amiga já ia nos deixar.

_Sim, disse Diva. Dayse já está bem melhor e já me ajuda nos afazeres de maneira que logo poderá assumir o controle da casa sozinha. E então minha ajuda já não será necessária.

_Então para mostrar minha gratidão eu a convido para irmos ao cinema e depois um passeio no parque, para conversarmos. Convidou Saulo.

_Saulo, Saulo! Olha lá o que você vai fazer com nossa amiga! Disse Dayse.

_Não se incomode amiga, não creio que Saulo tenha intenção de cortar nossa amizade. Falou Diva.

_Muito bem, então vou levá-la em casa, volto me arrumo e a apanho em seguida. Combinado?

Com o coração aos pulos, Diva concordou e o rapaz a levou para casa, onde ela esmerou-se nos cuidados da aparência, para agradar o seu companheiro.

 

O amor floresce.

 

O único cinema da cidade era bem concorrido, não só por este fato, mas também por ter sempre em cartaz filmes romanceados, aventuras e filmes épicos que caíam bem no gosto da juventude local. O filme escolhido pelos dois foi a clássica trilogia Sissi que conta a história de uma condessa que se apaixona pelo príncipe (futuro Czar da Áustria ) e que esta prometido para sua irmã mais velha .

A trama se desenvolve nas belas montanhas da Áustria e narra a vida da jovem princesa que não está habituada a vida do palácio e acaba promovendo mudança na vida dos monarcas. A cena em que Diva mais se emociona é a em que o príncipe, na hora de anunciar, durante o baile, quem seria sua escolhida, não se dirige a outra que não seja a jovem Elizabeth (Sissi).

Após o cinema, os dois estão passeando pelo parque. Conversam sobre o filme, sobre o estado de Dayse e então Saulo, pegando na mão de Diva e convidando-a a sentar-se, diz:

_Diva, quero te falar sobre algo que há muito me enche a alma e venho tomando coragem para revelar-te.

Naquele fim de tarde, o crepúsculo se fazia mais colorido. As nuvens da tarde recebiam a luz do sol que se punha no horizonte, deixando-as com um colorido, com um arco – íris parecido com um arco de algum cupido que naquele momento preparasse o clima romântico a fim de unir o jovem casal.

Os pássaros voltavam para seus ninhos cantando alegres pelo dia bem abençoado, com seus filhotes os aguardando para o repouso da noite. As crianças, na maioria haviam ido para casa com suas mães. O parque agora se tornava local para os casais enamorados, que enlaçados uns aos outros trocavam juras de amor;

 

A noite clara e enluarada já iniciava sua trajetória por cima das árvores deixando o ar com mais romantismo e atração.

A voz de Saulo transformou-se. Ficou embar- gada pela emoção, Seus lábios tremiam. Seu olhar ansioso procurava os dela, buscando as respostas antes de formular as perguntas.

_Diva, perdoe-me, mas não posso mais calar o que trago dentro de mim. Esse sentimento que me domina desde o dia em que você se tornou amiga de minha irmã. Sua imagem, seu sorriso, seu carinho com as pessoas, dominaram meus pensamentos de maneira de que meu coração salta de emoção somente com sua presença. Diva, devo confessar que estou apaixonado por você.

_Perdoe-me se este sentimento pode lhe trazer algum ressentimento ou ofensa, mas não conseguia mais segurá-lo dentro de mim. Nada me faria mais feliz nesta vida, se você aceitar namorar comigo, pois só vejo futuro na minha vida com você ao meu lado.

_Saulo suas palavras me deixam muito emocionada. Sabe, parece- me que já sabia de seus sentimentos por mim, porque na verdade o mesmo tocou em coração, desde que me foste apresentado pela Dayse. Guardava dentro de mim esta emoção, com medo de alguém pudesse descobrir em alguma falha minha e , talvez não fosse correspondida.

Durante o tempo em que estive ajudando a Dayse, tremia só de pensar que durante as manhãs e as tardes estaria tão perto de você, e não saberia talvez como segurar as emoções que invadiam a alma. Sim, eu quero muito ser sua namorada. Também não vislumbro futuro em minha vida sem você ao meu lado. E assim a noite cálida, o crepúsculo diminuindo, as árvores e aquele banco foram testemunhas do primeiro beijo ardente de duas almas que se uniam para uma felicidade eterna.

 

Capítulo 3

 

Caminhando entre nuvens

 

Quando Diva chegou em casa, sua mãe logo notou a alegria no semblante sonhador da filha. Naquela expressão ela relembrou seu primeiro encontro com seu amor que viria a ser seu esposo.

_Que aconteceu Diva? Parece que viste passarinho verde! Será que o amor visitou teu jovem coração?

_Ah, mamãe! Sinto-me a mulher mais feliz do mundo. Tal alegria encheu meu coração nesta tarde, que parece que ele vai explodir de tanta emoção. Sabe, mãezinha, Saulo confessou seu amor por mim e eu lhe correspondi. Há muito tempo guardava dentro de mim este sentimen- to e agora que me foi correspondido não sei calar esta euforia que invade a alma.

_ Minha filha, sabes que eu tenho muito respeito e admiração por Saulo. É um jovem de bom trato com as pessoas e muito responsável no seu trabalho. Tenho certeza que seria um ótimo marido para qualquer garota. E sendo você a preferida de seu coração, fico muito feliz. Peço a Deus que conceda a maior felicidade a vocês dois.

_Acertamos e amanhã ele virá falar com papai para pedir sua permissão para namorarmos em casa. Espero que papai não seja contrário aos nossos anseios.

 

Sonhando com o futuro.

Os meses iam passando e os dois apaixonados cada vez mais planejavam o futuro. A cada dia descobriam as muitas coisas que tinham em comum. Suas preferências, suas músicas, seus gostos pelo cinema, e seus sonhos. Suas ambições a respeito de suas profissões de certa forma se completavam pois Diva ainda sonhava em se formar advogada enquanto Saulo pretendia voltar a estudar e se formar paramédico e poder atuar com mais eficiência na sua profissão. Dayse e os pais de Diva exultavam de felicidade ao ver o casal cada vez mais enamorado.

Durante este período, Saulo e Dayse receberam a notícia de que seu pai tivera um restabelecimento na sua saúde e dentro de pouco tempo estaria no aconchego dos filhos.

A notícia do casamento de Saulo e Diva espalhou-se rapidamente. O fato tornou-se o assunto do dia entre os habitantes.

Na cidade todos que tinham um convívio com o casal, desejavam que este enlace fosse muito feliz e que a harmonia sempre estivesse presente na vida dos dois jovens. O pai de Saulo, retornou da viagem, que iniciara muito magro, havia chegado mais forte, com a aparência mais vivaz e ao saber da boa nova, achou que o filho não poderia ter escolhido melhor companhia para seus dias de casado.

Tratava com o maior carinho a futura nora, não só por apreciar a jovem, mas também pela dedicação que se desvelou para com seus filhos enquanto Dayse estivera enferma.

Com a data já marcada para o grande dia de suas vidas, Saulo e Diva agora se envolviam com os preparativos para o casamento. Sr. Salermo não poupava esforços para que este acontecimento fosse o mais comemorado de toda a região pois o seu maior tesouro, iria iniciar sua independência e assumir sua posição como esposa.

Devido a um acordo entre Saulo e Diva, a data seria marcada após dois meses do dia em que Diva terminaria seu curso na faculdade e se formaria advogada. Seria uma festa grandiosa. Diva sabia que nos primeiros meses de sua vida de casada, não poderia sonhar em abrir um consultório de advocacia, mas no futuro este sonho com certeza ela haveria de concretizar.

 

O começo da realização dos sonhos

 

Finalmente chegou o dia tão esperado. A casa de Diva estava em polvorosa, com pessoas indo e vindo, trazendo presentes, fazendo os últimos retoques na decoração, enquanto a noiva preparava-se para o momento de dizer o sim ao seu eterno amor, diante do altar. Diva estava deslumbrante, vestida de noiva. Sua mãe contatara a melhor costureira, para confeccionar o vestido de noiva da filha. Seu vestido formava um decote no colo, e em “V” acentuado nas costas, realçava seu busto que arfava de ansiedade pelo momento de felicidade. Seus cabelos arrumados em cachos que terminavam em seus ombros.

Uma tiara de minúsculas flores prendia o véu que descia para sua nuca e chegava até quase à cintura. Sua beleza cativava qualquer um que lhe visse naquele momento de esplendor. Sua face radiante, espelhava a felicidade lhe ia à alma, ao saber que o grande amor de sua vida estaria lhe esperando no altar.

A igreja da cidade fora totalmente arranjada para este dia ansioso. Na entrada fora colocado um jardim de flores silvestres. A entrada fora decorada com arranjos floridos em formas de corações, e em formas de pássaros beijando-se. O corredor até o altar foi coberto com um tapete aveludado vermelho, e as laterais com fitas e laços brancos.

Chegada a hora, Saulo em pé no altar esperava a sua amada, com a impaciência peculiar de todo noivo apaixonado. Vestindo um paletó azul escuro, camisa branca com mangas presas ao pulso por abotoaduras de semi-joias. A gravata em forma de borboleta prendia o colarinho da camisa e para Saulo naquele momento parecia que era uma mão gigantesca que lhe apertava a garganta, tal a emoção que subia do interior. A calça social impecável caía-lhe como luvas e cobriam parte dos sapatos pretos tão lustrosos que refletiam as luzes da igreja.

 

E aí seu coração acelerou quando na entrada a música nupcial anunciou a chegada da noiva.

Aquela visão celestial, vindo ao seu encontro, fez com que Saulo mentalizasse uma prece de agradecimento pela ventura que receberia a partir desta data.

_Saulo, neste momento estou lhe entregando o meu maior tesouro. Rogo-lhe que trate com o maior carinho a minha filha e a faça feliz.

_Sr. Salermo, não há outro desejo em meu coração. Prometo-lhe que esforçar-me-ei para que Diva seja a mulher mais feliz do mundo.

Então os noivos voltaram-se para o sacerdote, para dizerem o sim mais importante de suas vidas. Diva nunca havia sentido tanta emoção embragando-lhe as palavras, quanto na hora em que o padre perguntou-lhe:

_Diva é de sua livre e espontânea vontade receber Saulo como seu legitimo esposo..?

A Festa do casamento

Depois da cerimônia, os jovens receberam os convidados na casa do Sr. Salermo, para as festas. Todos brindavam com alegria e desejavam com sinceridade que os dois alcançassem as maiores venturas da vida conjugal. Os amigos não cansavam-se de cumprimentar ambos, pela escolha do cônjuge. Os rapazes, felicitavam Saulo, não só pela data mas também por ter sido ele o escolhido daquela que havia alimentado os sonhos de vários deles.

Saulo e Diva embora ansiosos pela hora de maior intimidade do casal, demonstravam a todos o mesmo carinho com que sempre trataram seus amigos. Ao mesmo tempo sempre que encontravam-se a sós, atiravam-se nos braços um do outro, e aos beijos reafirmavam as juras de amor eterno.

A Fuga.

Quando a multidão envolvida com a festança, esqueceu-se um pouco do casal, Saulo aproximou-se da sua esposa e confessou-lhe:

_ Meu amor, sei gostarias de despedir-se de seus pais antes de viajarmos, porém se formos despedirmo-nos de todos nossa viagem será adiada, portanto vem e fujamos agora.

_Sim meu amado! Depois eu ligo e falo com meus pais. Tenho certeza de que eles entenderão a nossa decisão. E tomando a mão que o esposo lhe oferecia, deixou as coisas que fazia e saíram como duas crianças que recebem a liberdade de brincar na rua.

E antes que alguém desse conta os amantes entraram no carro que os levaria à ventura e partiram. Saulo no volante do veículo sentia-se como um pirata que sequestrando a princesa de um castelo, a levava para a felicidade infinita.

O carro dirigido por ele rodava pelas ruas como se fosse uma nave que transportasse seus ocupantes para uma viagem pelas estrelas cintilantes em um céu de venturas radiosas e de plena harmonia.

 

Capítulo 4

A Viagem de núpcias